“Educação e Tecnologias: O Novo Ritmo da Informação”, de Vani Moreira Kenski

Vani Kenski, Doutora em educação, pesquisadora do CNPQ e colaboradora na faculdade de educação da USP; reflete na obra “Educação e Tecnologias: O Novo Ritmo da Informação” as relações entre educação e tecnologias evitando os jargões e as meras definições. Pincela sobre assuntos como Educação à Distância, Ambientes Virtuais de aprendizagem, Software livres e muitos outros.

O diferencial da obra é a variedade de exemplos que a autora utiliza, tornando-a mais atrativa e nos deixando com expectativas para o futuro. A linguagem é fácil, simples e esclarecedora.

O artigo “Conhecimento, tecnologia e poder – Tríade do desenvolvimento social” deste blog foi baseado no 1° capítulo do livro de Kenski.

O livro, de 6 capítulos, encontra-se na sua 8ª edição (ano de 2011).

Recomendo a aquisição do livro, mas para despertar o interesse leia 3 capítulos da obra, em PDF.

Kenski

KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da Informação. Campinas, SP: Papirus, 2007.

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Novas Tecnologias na Escola – contextos, propostas e práticas

Foi-se o tempo em que sonhávamos com computadores pessoais. Naquela época, e olha que não faz tanto tempo, colocávamos a cadeira de casa no colo e fingíamos que o encosto era o teclado e o assento era a tela de um notebook. Eu, por exemplo, só fui ter computador em casa quando entrei pra faculdade, aos 16 anos, em 2006; um LG branco, com um monitor “bundudão” (era como chamávamos os monitores CRT), pesado, gabinete com compartimento de disquete e mouse com a aquela esfera de borracha, o coitado já era ultrapassado pra época, mas quebrou muito galho; pra mim e para meus irmãos era um equipamento delicado, melindroso, frágil… por vezes tínhamos vontade de jogá-lo na parede de tão lento que era…

Acontece que a tão sonhada inclusão digital chegou, e veio mais rápido do que pensávamos. Hoje temos e-mails, blogs, redes sociais, jogos on-line, comunidades, aplicativos, inúmeras senhas… tudo nas nossas mãos, cada vez menores e melhores.

inclusao_digital

Essa realidade inclusiva não poderia ser ignorada pelas instituições e, principalmente, não ser adaptada para os diversos contextos sociais. Vemos, por exemplo, computadores ou novas tecnologias nos shoppings, veículos, supermercados, consultórios, em todos os lugares. É sem dúvida, uma invasão de máquinas. Seria somente uma questão de tempo para que essa inclusão digital chegasse às instituições educativas.

E finalmente chegou. Chegou de mansinho com projetos tímidos, às vezes descrentes, como a TV ESCOLA, a iniciativa “Salto para o Futuro” e tantos outros projetos de cunho interdisciplinar que se reservaram as escolas, mas a boa notícia é que chegou. Hoje temos projetos milionários, como a promessa de investir, até 2010, R$ 650 milhões na instalação de laboratórios de informática em todas as 130mil escolas públicas do Brasil (você sabe alguma coisa sobre isso? Partilhe sua informação/conhecimento. Comente.) com o PROINFO, que seleciona escolas estaduais e municipais que receberão computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Trata-se de iniciativas governamentais de F5 na educação.

É inevitável, as tecnologias vieram para ficar. Entretanto de que adianta um monte de parafernálias tecnológicas se não há F5 na prática pedagógica? É necessário uma reavaliação freqüente das escolas e dos docentes quanto ao currículo, as metodologias e até mesmo quanto ao Projeto Político Pedagógico das Instituições de ensino, afinal este é o mapa de direcionamento da escola, o indicar, a luz dos personagens do processo educativo.

Os laboratórios de informática dos nossos municípios têm potencial para projetos enormes e significativos. No entanto, observando a realidade da minha cidade, vemos os Laboratórios de informática com uma grande parcela (não são todos) de profissionais que não tem formação suficiente para trabalhar nos LABINS, que preferem sobrecarregar-se com 200 horas aula para complementar a renda e deixar os alunos em um joguinho qualquer, sem nenhum planejamento ou avaliação e reavaliação das atividades e da sua própria prática. Falta formação, ou talvez até interesse, ou ainda oportunidade.

Mas, retornando aos projetos enormes e significativos e iniciativas ousadas e de sucesso dos profissionais, cito o Núcleo de Informática Educativa da minha cidade, um competente grupo de professores, que realizou em novembro de 2012 a “Mostra de Animação Digital”, que nada mais é do que a socialização de ações de cultura digital e softwares livre dos LABINS, que celebrou mais de 40 animações produzidas por alunos e professores das instituições públicas de ensino, com temas transversais e propostas interdisciplinares. É de fato uma iniciativa ousada e de grande sucesso.

O diferencial desses profissionais certamente é o conhecimento dos recursos disponíveis, a disponibilidade para planejar as atividades, o retorno positivo dos alunos, o apoio da direção, a troca de idéias com os colegas profissionais e, porque não, a satisfação profissional.

Por fim, as novas tecnologias inserem o professor em seu autêntico papel, o de orientadores, facilitadores, mediadores do processo ensino-aprendizagem, levando seus alunos à construção do conhecimento diante desta superabundância de novas fontes e possibilidades.