Avaliação da aprendizagem com o uso de tecnologias digitais

Como a proposta é reinventar a sala de aula, o seu planejamento, o seu layout e até as suas ferramentas, então também devemos repensar a avaliação.

Precisamos compreender que na Educação 4.0 não contemplamos conteúdos, afinal ninguém consegue consumir tanto conteúdo em um único bimestre, semestre ou ano letivo, por isso é impossível avaliar o aluno de maneira tão abrupta e sem considerar a sua aprendizagem no processo.

A avaliação deve funcionar como instrumento de aprendizagem, pois o aluno também pode aprender com este instrumento, além de considerar as suas habilidades e competências, por isso deve ser diagnóstica e formativa, portanto deve exercitar a responsabilidade, a autocrítica e não a submissão. Daí temos o conceito ilustre de Avaliação Emancipatória, muito defendida pelo patrono da Educação Brasileira: Paulo Freire.

Desta maneira, construí o meu PROJETO INOVADOR no curso de Metodologias Ativas e Tecnologias Digitais e entre as atividades finais, deveria formular uma AVALIAÇÃO também INOVADORA. Vamos lá?

Esse é o meu Projeto inovador:

Projeto inovador - Tema 003

Exemplo de Projeto Inovador – Professora Narelly Rodrigues Tema: Projeto de vida profissional e prospecção da carreira

Percebam que utilizo a Taxonomia de Bloom para descrever as atividades sugeridas e faço uma interpretação muito pessoal em como utilizar a pirâmide nesta proposta.

AVALIAÇÃO INOVADORA – SUGESTÃO

Avaliação Diagnóstica (conhecimento prévio):

  • Utilizar o Relembrar para considerar todos os conhecimentos dos alunos sobre o tema trabalhado. Como se trata de uma proposta analisando o seu projeto de vida, sugiro a rememoração das experiências escolares e acadêmicas dos alunos.
  • Assim, o aluno pode desenvolver o Compreender, de forma que eles realizarão auto-avaliações sobre as suas práticas, desejos, e porquês.

Avaliação Formativa (evolução da aprendizagem):

  • Utilizando os instrumentos indicados no projeto (offices, google sites e padlet), os alunos vão Aplicar novos saberes, no caso a utilização de novos recursos.
  • Assim os alunos fomentam o Analisar em paralelo ao aplicar, afinal, estarão construindo materiais e, dependendo dos critérios dos próprios alunos, vão refinando, customizando e personalizando as suas construções.

Avaliação Somativa (resultados):

  • Quase na finalização do processo, os alunos exercem o prática do Auto-avaliar, pois essa além de favorecer o reconhecimento do seu progresso, eles exercitam a auto-crítica e a responsabilidade e isso é bem empolgante. Nesta fase também é realizado a Avaliação por pares, a fim de que os colegas contribuam com o melhoramento de ideias, se necessário, troquem informações e dicas pontuais.
  • No Criar é incentivado a exposição, divulgação das suas atividades, por isso que é indicado o uso do Google sites para criação dos portfólios digitais e do padlet para visualização das suas produções em paralelo ao de seus colegas.

Observações:

– É claro que essas atividades recebem valores, pontuações, por isso utilizo uma planilha para a Avaliação por rubricas. Essa avaliação é considerada no grau de maneira quantitativa. Exemplo da minha planilha para avaliação por rubricas:

Avaliação por rubricas

Instrumento utilizado para fazer o levantamento de pontuação quantitativa

Em suma, perceba que toda a proposta de avaliação que sugeri pauta no processo, dos instrumentos às responsabilidades. Posso garantir que essa é a grande dica para avaliar em tempos de Educação 4.0: o processo! Pensar nos detalhes, valorizar as competências e habilidades dos alunos e apresentar desde o primeiro momento essas etapas.

Finalizo com a citação incrível que resume a minha proposta de avaliação:

A avaliação não se dá, nem se dará, num vazio conceitual, mas dimensionada por um modelo teórico de mundo e de educação traduzido em prática pedagógica.

Cipriano Luckesi.

Abs, prof. Narelly Rodrigues

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Metodologia da História Oral e Storytelling digital em Educação Inclusiva

Inovar em educação é sempre um grande desafio, todos já sabemos, por isso o nosso repertório de atividades docentes precisam ser variadas, principalmente por causa dos alunos nativos digitais que dificilmente se contentam com aulas tradicionais.

Pensando nisso e com a ementa da disciplina de Educação Inclusiva (Curso de Pedagogia – CEULS/ULBRA) em mãos, planejei atividades que fugiam do tradicional do ensino superior: as aulas expositivas. Conduzi os alunos e alunas em um processo de imersão nas narrativas de sujeitos como atividade básica de um conteúdo específico da disciplina e o resultado foi surpreendente.

É importante destacar que o objetivo da atividade foi compreender os sujeitos e reconhecer o perfil do(a) professor(a), aluno(a) e famílias da educação inclusiva, a fim de contribuir com a formação do educador e, consequentemente, das equipes pedagógicas multidisciplinares e/ou instituições escolares equivalentes.

Foi utilizado uma metodologia basilar e várias atividades para a construção de conhecimentos e avaliação, entre elas a Storytelling digital.

Metodologia basilar: História Oral.

Essa metodologia se apresenta de maneira interessante no campo das ciências humanas, é muito utilizada por historiadores e jornalistas, mas a proposta de utilizá-la nesta disciplina são as possibilidades de mergulhar na história dos sujeitos e compartilhar com outros estudantes essas experiências através das atividades de socialização escolhidas no planejamento.

A metodologia da história oral valida as experiências que não estão presente geralmente em documentos escritos. É uma narrativa em que a entrevista gravada ou filmada tem fundamento de um registro em cima de um suporte material que permite uma reflexão que quase sempre varia das possibilidades da documentação escrita. O comportamento do pesquisador também é diferenciado, assim como os seus instrumentos de coleta de dados e isso valida o uso dessa metodologia na disciplina em questão. Os gêneros da história oral são: Historia oral de vida, história oral temática, a tradição oral e a tradição oral testemunhal.

ATIVIDADE:

Entendemos que a proposta metodológica “História Oral” não se limita a um estudo do passado, na verdade estabelece diálogos com o presente e os temas de pesquisas da História Oral, suas questões e urgências surgem do presente e encontram acolhimento epistemológico nesta metodologia. Por isso, foi organizado 4 grupos para focar nos gêneros específicos da Metodologia e, ao mesmo tempo, em diferentes tipos de sujeitos que fazem parte da Educação Inclusiva:

História oral de vida: Apresentará a narrativa a partir da trajetória de uma pessoa com deficiência (PCD).

História oral temática: Profissão professor inclusivo (Tema central). Apresentará o perfil de um ou mais educadores que lutam por uma educação inclusiva nas escolas ou ambientes de ensino não-formal.

Tradição oral: Apresentará narrativas familiares sobre as lutas diárias para garantir direitos para os seus familiares PCDs

História oral testemunhal: Abordará as necessidades especiais de uma ou mais pessoas, os seus traumas e contextos.

Atividades planejadas a partir da Metodologia básica:

  1. Realizar a pesquisa bibliográfica sobre os gêneros da história oral, a coleta de dados e comportamento dos pesquisadores.
  1. Construir o projeto de pesquisa com indicação da aplicação da metodologia da história oral;
  1. Publicar Resumos Simples da pesquisa em Caderno de Resumos de um evento científico da Universidade;
  1. Apresentar os resultados da pesquisa em forma de filme (Narrativa Digital), com a contextualização dos sujeitos pesquisados e suas narrativas;
  1. Expor as narrativas dos sujeitos da pesquisa em forma de museu da pessoa nos corredores da Instituição.

É exatamente a atividade 4 que foi utilizada a Storytelling digital, por isso vamos aprofundar a explicação sobre esta atividade.

Atividade 4: Storytelling digital ou Narrativa digital

O contar e ouvir histórias está no âmago da educação, fazemos isso na educação básica desde o nível infantil; as famílias fazem isso, muitas vezes, desde antes do nascimento dos filhos. Portanto, contar e ouvir histórias está na nossa natureza.

A narrativa é uma sequência de ação com início, meio e fim, geralmente. Nas escolas são utilizadas como ferramenta lúdica de ensino e aprendizagem. Quando contamos uma história, fábula, conto e até mesmo uma fofoca, exercitamos a criatividade e imaginamos o que está sendo narrado, a partir disso, mais conhecimentos ou informações se tornam significativas com o uso dessa ferramenta.

O Storytelling digital faz exatamente isso: apoia os alunos na produção e exibição dos seus trabalhos escolares/acadêmicos por meio da narrativa em formato digital. É a arte de contar histórias em um contexto multimídia. A construção, produção e exibição de narrativas, portanto, assume um caráter contemporâneo e moderno, tornando-se uma ferramenta pedagógica eficaz para o uso dos alunos nativos digitais.

Comando da atividade 4:

– Construir e produzir um filme de, no máximo, 10min contextualizando a narrativa do interlocutor/sujeito da sua pesquisa;

– Fazer uso de vídeos e fotografias para ilustrar as narrativas e inserir legendas para facilitar a compreensão das narrações; e

– Solicitar a autorização de uso da imagem dos sujeitos pesquisados.

Análise da atividade 4:

– Para muitos alunos foi a primeira experiência com a utilização da metodologia da história oral, então foi um momento trabalhoso e prazeroso de descobertas e possibilidades com a utilização dessa metodologia;

– Os filmes produzidos ficaram sensacionais! Tiramos uma noite de aula para assistir todas as produções, levamos pipoca, bolos, sucos e refrigerantes para acompanhar os filmes produzidos. Houve muitos risos, gargalhadas e emoções. Foi uma experiência emocionante e muito produtiva.

– Após a vivência de todos as atividades sugeridas no planejamento, pode-se afirmar que o objetivo de compreensão dos sujeitos da Educação Inclusiva foram alcançados, pois se tornou significativa, prazerosa e rica para os alunos.

 

Podemos afirmar que as atividades foram muito bem desenvolvidas pelos alunos e o uso de uma ferramenta que eles puderam criar digitalmente e depois exibir para seus colegas foi o ponto alto do semestre de aulas. Conseguimos, portanto, concluir que incorporar novas metodologias que coloquem os alunos como protagonistas, em um processo contínuo de exploração de sua criatividade, estética e bom senso, enriquecem o processo de ensino-aprendizagem, assim como privilegiam o domínio dos recursos digitais dos próprios alunos.

Faça aí, vale a pena!

 

Obs. Não tenho autorização do uso da imagem dos alunos, por isso nenhuma fotografia ilustra esse artigo. Perdão!