Inovar em educação é sempre um grande desafio, todos já sabemos, por isso o nosso repertório de atividades docentes precisam ser variadas, principalmente por causa dos alunos nativos digitais que dificilmente se contentam com aulas tradicionais.
Pensando nisso e com a ementa da disciplina de Educação Inclusiva (Curso de Pedagogia – CEULS/ULBRA) em mãos, planejei atividades que fugiam do tradicional do ensino superior: as aulas expositivas. Conduzi os alunos e alunas em um processo de imersão nas narrativas de sujeitos como atividade básica de um conteúdo específico da disciplina e o resultado foi surpreendente.
É importante destacar que o objetivo da atividade foi compreender os sujeitos e reconhecer o perfil do(a) professor(a), aluno(a) e famílias da educação inclusiva, a fim de contribuir com a formação do educador e, consequentemente, das equipes pedagógicas multidisciplinares e/ou instituições escolares equivalentes.
Foi utilizado uma metodologia basilar e várias atividades para a construção de conhecimentos e avaliação, entre elas a Storytelling digital.
– Metodologia basilar: História Oral.
Essa metodologia se apresenta de maneira interessante no campo das ciências humanas, é muito utilizada por historiadores e jornalistas, mas a proposta de utilizá-la nesta disciplina são as possibilidades de mergulhar na história dos sujeitos e compartilhar com outros estudantes essas experiências através das atividades de socialização escolhidas no planejamento.
A metodologia da história oral valida as experiências que não estão presente geralmente em documentos escritos. É uma narrativa em que a entrevista gravada ou filmada tem fundamento de um registro em cima de um suporte material que permite uma reflexão que quase sempre varia das possibilidades da documentação escrita. O comportamento do pesquisador também é diferenciado, assim como os seus instrumentos de coleta de dados e isso valida o uso dessa metodologia na disciplina em questão. Os gêneros da história oral são: Historia oral de vida, história oral temática, a tradição oral e a tradição oral testemunhal.
ATIVIDADE:
Entendemos que a proposta metodológica “História Oral” não se limita a um estudo do passado, na verdade estabelece diálogos com o presente e os temas de pesquisas da História Oral, suas questões e urgências surgem do presente e encontram acolhimento epistemológico nesta metodologia. Por isso, foi organizado 4 grupos para focar nos gêneros específicos da Metodologia e, ao mesmo tempo, em diferentes tipos de sujeitos que fazem parte da Educação Inclusiva:
História oral de vida: Apresentará a narrativa a partir da trajetória de uma pessoa com deficiência (PCD).
História oral temática: Profissão professor inclusivo (Tema central). Apresentará o perfil de um ou mais educadores que lutam por uma educação inclusiva nas escolas ou ambientes de ensino não-formal.
Tradição oral: Apresentará narrativas familiares sobre as lutas diárias para garantir direitos para os seus familiares PCDs
História oral testemunhal: Abordará as necessidades especiais de uma ou mais pessoas, os seus traumas e contextos.
Atividades planejadas a partir da Metodologia básica:
- Realizar a pesquisa bibliográfica sobre os gêneros da história oral, a coleta de dados e comportamento dos pesquisadores.
- Construir o projeto de pesquisa com indicação da aplicação da metodologia da história oral;
- Publicar Resumos Simples da pesquisa em Caderno de Resumos de um evento científico da Universidade;
- Apresentar os resultados da pesquisa em forma de filme (Narrativa Digital), com a contextualização dos sujeitos pesquisados e suas narrativas;
- Expor as narrativas dos sujeitos da pesquisa em forma de museu da pessoa nos corredores da Instituição.
É exatamente a atividade 4 que foi utilizada a Storytelling digital, por isso vamos aprofundar a explicação sobre esta atividade.
– Atividade 4: Storytelling digital ou Narrativa digital
O contar e ouvir histórias está no âmago da educação, fazemos isso na educação básica desde o nível infantil; as famílias fazem isso, muitas vezes, desde antes do nascimento dos filhos. Portanto, contar e ouvir histórias está na nossa natureza.
A narrativa é uma sequência de ação com início, meio e fim, geralmente. Nas escolas são utilizadas como ferramenta lúdica de ensino e aprendizagem. Quando contamos uma história, fábula, conto e até mesmo uma fofoca, exercitamos a criatividade e imaginamos o que está sendo narrado, a partir disso, mais conhecimentos ou informações se tornam significativas com o uso dessa ferramenta.
O Storytelling digital faz exatamente isso: apoia os alunos na produção e exibição dos seus trabalhos escolares/acadêmicos por meio da narrativa em formato digital. É a arte de contar histórias em um contexto multimídia. A construção, produção e exibição de narrativas, portanto, assume um caráter contemporâneo e moderno, tornando-se uma ferramenta pedagógica eficaz para o uso dos alunos nativos digitais.
Comando da atividade 4:
– Construir e produzir um filme de, no máximo, 10min contextualizando a narrativa do interlocutor/sujeito da sua pesquisa;
– Fazer uso de vídeos e fotografias para ilustrar as narrativas e inserir legendas para facilitar a compreensão das narrações; e
– Solicitar a autorização de uso da imagem dos sujeitos pesquisados.
Análise da atividade 4:
– Para muitos alunos foi a primeira experiência com a utilização da metodologia da história oral, então foi um momento trabalhoso e prazeroso de descobertas e possibilidades com a utilização dessa metodologia;
– Os filmes produzidos ficaram sensacionais! Tiramos uma noite de aula para assistir todas as produções, levamos pipoca, bolos, sucos e refrigerantes para acompanhar os filmes produzidos. Houve muitos risos, gargalhadas e emoções. Foi uma experiência emocionante e muito produtiva.
– Após a vivência de todos as atividades sugeridas no planejamento, pode-se afirmar que o objetivo de compreensão dos sujeitos da Educação Inclusiva foram alcançados, pois se tornou significativa, prazerosa e rica para os alunos.
Podemos afirmar que as atividades foram muito bem desenvolvidas pelos alunos e o uso de uma ferramenta que eles puderam criar digitalmente e depois exibir para seus colegas foi o ponto alto do semestre de aulas. Conseguimos, portanto, concluir que incorporar novas metodologias que coloquem os alunos como protagonistas, em um processo contínuo de exploração de sua criatividade, estética e bom senso, enriquecem o processo de ensino-aprendizagem, assim como privilegiam o domínio dos recursos digitais dos próprios alunos.
Faça aí, vale a pena!
Obs. Não tenho autorização do uso da imagem dos alunos, por isso nenhuma fotografia ilustra esse artigo. Perdão!