As tecnologias surgiram quando a espécie humana se afirmou como tal. Foi a curiosidade, a necessidade, a observação e a criatividade humana que produziram as mais diversas tecnologias que o mundo já viu. O que diferenciou os homens primitivos e o que diferencia o homem contemporâneo é, sem dúvida, o domínio de certos tipos de tecnologias e informações.
Primeiramente nossos ancestrais das cavernas se diferenciaram quando ousaram caminhar eretos, e uma vez eretos conseguiram utilizar as mãos, ainda sem coordenação motora ou de modo desajeitado, para sobreviver. Neste ponto, quando o homem se afirmou como tal, surgiram as primeiras tecnologias, que inicialmente foram ferramentas e esquemas de sobrevivência e defesa. A partir daí, surgiu à necessidade, ou a inspiração da natureza humana, de utilizar as tecnologias e, principalmente, a capacidade intelectual de criação para o ataque, surgiram às guerras e, consequentemente, a dominação. E assim começou a história da espécie humana.
A história repetiu-se várias vezes ao longo dessas últimas eras, mas hoje são as grandes potências, sejam nações ou multinacionais, que utilizam o conhecimento e a inovação tecnológica, assim como recursos gigantescos, para manter e ampliar seus domínios. O conhecimento e as inovações tecnológicas envolvem-se com as guerras e vice-versa, trata-se de relações de poder.
Deste fenômeno temos exemplos ainda bem recentes, podendo citar a Guerra fria, que por quase 50 anos, foi responsável pela divisão mundial em dois blocos potentes, de um lado o capitalismo e do outro o socialismo. Neste período a ciência e a tecnologia deram um salto gigantesco, mudando o cotidiano social, pois, além das tensões e ameaças constantes de uma nova guerra, bem como da imposição de soberania dos países que estavam promovendo tal “espetáculo”, surgiram e/ou evoluíram muitos produtos, serviços e processos. Eis algumas inovações que surgiram neste período e que hoje se apresentam em nosso cotidiano: aparelhos de medição da pressão arterial, que foram desenvolvidos para que os astronautas em missão espacial pudessem avaliar mais facilmente sua saúde; os detectores de fumaça e de vazamento de gás, os marca-passos, a asa-delta e etc. (REYNOL, 2004 apud. KENSKI, 2011, p. 16 e 17)
Podemos citar também o período que veio após a Guerra fria, já no final do século XX, na década de 90; quando o socialismo declinou, o mundo do trabalho ficou mais exigente e surgiram novas tecnologias digitais. Neste período o mundo tornou a se dividir, só que desta vez os blocos, ainda dois, eram mais ideológicos e excludentes, eram o de países desenvolvidos e de países subdesenvolvidos.
Atualmente a ordem mundial está se redefinido novamente, pois, depois de algumas crises nestas primeiras duas décadas dos anos 2000, algumas nações desenvolvidas perderam status, poderio econômico e até território. Em contrapartida, muitos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento passaram a crescer, graças ao investimento em educação, ciência e tecnologia, é caso do Brasil, que contribui em muitos aspectos e com iniciativas ousadas e diversificadas, como é o caso do famoso etanol e das urnas eletrônicas; ou a índia, que já é sinônimo de investimento pesado em mentes pensantes; ou ainda a China, que sobressai com a sua insistência na produção em massa de engenhocas simples e atraentes.
Foi à tecnologia e seu avanço que identificou as Eras vividas, por isso, que a evolução social confunde-se tanto com os períodos históricos e até são nomeadas de acordo com as descobertas, como a identificação da idade da pedra, do ferro, do ouro, do metal… Podemos afirmar que é o cérebro humano a maior, mais diferenciada, aperfeiçoada e complexa tecnologia existente no mundo, pois foram às habilidades intelectuais, as múltiplas inteligências que possibilitaram essa criação e recriação de atividades, materiais e realidades.
Em suma, as tecnologias mudaram significados, rotinas e contextos, mudaram nossa maneira de pensar, sentir e agir, mudaram as relevâncias. Para sobreviver a este “novo mundo” é necessário entender, manusear e investir em tecnologias e novas tecnologias digitais. Este é o nosso maior desafio.
REFERÊNCIAS
KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: O novo ritmo da Informação. 8ª Ed. Campinas, SP: Papirus, 2011. (Coleção Papirus Educação).